segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A mulher negra na sociedade brasileira

Este artigo discute o papel da mulher negra ao longo da história brasileira, que lugares lhe foi destinado, a sua jornada de trabalho, sua emancipação que não acompanha a evolução dos séculos, em preconceito histórico contra a mulher. Reflexo do período no qual homens eram detentores exclusivos do poder, furtando a mulher de ser escritora de sua própria história. Discute-se a mulher negra enquanto sujeito social importante na construção da história do nosso país.

“Apesar das transformações nas condições de vida e papel das mulheres em todo o mundo, em especial a partir dos anos de 1960, a mulher negra continua vivendo uma situação marcada pela dupla discriminação: ser mulher em uma sociedade machista, e ser negra numa sociedade racista.” (MUNANGA, 2006, p. 133).
Historicamente em nossa sociedade a mulher sempre foi vista como um ser frágil e dependente do seu companheiro. Isso é o resultado de uma sociedade excludente, machista, onde o gênero feminino ainda continua sendo discriminado.
Mas que mulher é essa? A mulher branca? A negra? A indígena...? Complexo responder sobre qual mulher se fala, pois existe apenas uma categoria, mulher. Porém, percebe-se que historicamente a sociedade estabelece formas discriminatórias que as segregam, sempre reafirmando a existência de várias.
Analisa-se a existência de um preconceito histórico contra a mulher. Reflexo de um período no qual os homens sempre estiveram no poder, dominando, liderando, restando ás mulheres a obrigação de atentar para os afazeres domésticos, como também o papel preponderante e único, de gerar e cuidar dos filhos. Não diferentemente da realidade de muitas mulheres brasileiras em pleno século XXI. A partir desse papel feminino, discute-se mais especificamente, a mulher negra na sociedade brasileira.
Mas, qual o lugar da mulher negra na sociedade brasileira? Para compreender esse questionamento faz-se necessário uma análise na história do nosso país.
Quando o Brasil era colônia da Coroa Portuguesa, vários navios negreiros advindos da África desembarcaram em nosso país. O objetivo, dos portugueses, era trazer mão-de-obra para trabalhar nessas terras que hoje é o Brasil, já que os índios, segundo alguns teóricos, não se tornaram bons artífices para o trabalho escravo, e por isso fazia-se necessário substituir a mão-de-obra.
De acordo com, Munanga (2006), a resistência dos povos indígenas ao processo de escravização teve duas consequências notáveis: a sua massiva exterminação e a busca dos africanos que aqui foram deportados para cumprir o que os índios não “puderam” fazer. Abrindo deste modo, caminho para tráfico negreiro, que foi responsável pelo tráfico de milhões de africanos para o Brasil, que aqui foram escravizados para fornecer a força de trabalho necessária ao desenvolvimento da colônia.
Assim, analisa-se que
[...] Foram milhões de homens e mulheres arrancados de suas raízes que morreram nas guerras de captura na própria África, nas longas caminhadas para os litorais de embarque, nas condições de confinamento, falta de comida e higiene nos armazéns humanos construídos nos portos de embarque da carga humana, na travessia, enfim nas condições de trabalho e de vida reservadas a eles nos países de destino que ajudaram a construir e a desenvolver. (MUNANGA, 2006, p. 27).
Com isso, mulheres, crianças, e homens negros foram retirados brutalmente dos seus lugares de origem, sendo transportados de maneira desumana nos chamados navios negreiros para um destino sem volta, principalmente para aqueles que sobreviviam as viagens, pois muitos morriam ainda em alto mar.
A partir desse breve resumo da histórica pode-se refletir, qual o lugar da mulher negra na construção da sociedade brasileira, pois partindo do pressuposto que os negros neste país foram ferramenta para o trabalho escravo.
A mulher negra cuida da casa e dos filhos de outras mulheres para que estas possam cumprir uma jornada de trabalho fora de casa. Sendo assim, quando se fala que a mulher moderna tem como uma das suas características a saída do espaço doméstico, da casa, para ganhar o espaço público da rua, do mundo do trabalho, tem-se que ponderar que, na vida e na história da mulher negra, a ocupação do espaço público da rua, do trabalho fora de casa já é uma realidade muito antiga (MUNANGA, 2006).
Surge uma nova inquietação. Com o passar dos tempos, a mulher negra conquistou alguns espaços na sociedade, por isso, precisa-se analisar qual o papel da mulher negra pobre na sociedade brasileira.
Atualmente um novo panorama vem se formando no Brasil, com isso, a mulher tem conquistado vários direitos. Porém, direitos iguais somente no papel, nas leis. Pois, a mulher negra ainda sofre os ditames da nossa sociedade classista e desigual, uma vez que não possui a garantia dos direitos. Questiona-se, portanto, porque as mulheres negras pobres desse país, não tiveram as mesmas oportunidades, ao longo de suas vidas, que as filhas de um juiz, e de um promotor também negros?
O que se percebe, é que, historicamente na democracia brasileira, a lei daquele que tem mais bens, se sobressai quando refletimos sobre qualidade de vida, de educação, de emprego etc. No entanto, deve-se questionar o porquê de tamanhas desigualdades no percurso histórico da formação da sociedade brasileira.
Há visivelmente uma contradição no processo de formação da sociedade brasileira:
Seres livres em suas terras de origem, aqui foram despojados de sua humanidade através de um estatuto que fez deles apenas força animal de trabalho, coisas, mercadorias ou objetos que poderiam ser comprados e vendidos; fontes de riqueza para os traficantes (vendedores) e investimentos em “máquinas animais” de trabalho para os compradores (senhores de engenhos). Foi este o regime escravista que fez do Brasil uma espécie de sociedade dividida e organizada em duas partes desiguais (como uma sociedade de castas): uma parte formada por homens livres que, por coincidência histórica, é branca, e a outra formada por homens e mulheres escravizadas que, também por coincidência histórica, é negra. (MUNANGA, 2006, p. 16).
O negro foi excluído da historiografia brasileira, cabendo apenas nos autos da História como escravos. A partir da análise da história e da historiografia do Brasil, fica notório, que o negro foi tratado como um animal, pertencente a uma raça inferior, sendo por isso incapaz de desenvolver as mesmas atividades que o branco. Essa defesa da inferioridade dos negros tratava-se de uma estratégia das classes dominantes, para utilizá-los como mão-de-obra escrava, nos trabalhos braçais das lavouras de café e cana-de-açúcar.
Munanga (2006), afirma que não se sabe com exatidão a data da deportação dos primeiros africanos para o Brasil. Alguns autores indicam que os africanos foram deportados a partir da primeira metade do século XVI, outros na segunda metade.
Mas é a partir do século XVII, com a produção de açúcar que se constituiu na primeira atividade rentável e a partir da qual teve início a construção da base econômica da colônia brasileira, que há um tráfico negreiro mais intenso. Com o passar do tempo, os colonizadores foram descobrindo e explorando outros ramos da agricultura, como o fumo, o algodão, o café e as atividades de mineração, impondo nessas novas maneiras de obterem lucros, o modelo escravista dos engenhos da cana-de-açúcar.
Segundo Sergio Buarque de Holanda,
O que o português vinha buscar era, sem dúvida, a riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho [...] Os lucros que proporcionou de início, o esforço de plantar a cana e fabricar o açúcar para mercados europeus, compensavam abundantemente esse esforço – efetuado, de resto, com as mãos e os pés dos negros [...]. (HOLANDA, 2008, p. 49).
Nesse contexto, de acordo com Mário Theodoro,
[...] a situação vigente em meados do século XIX era tal que, bem ou mal, o negro detinha um lugar central no sistema econômico. Como escravo, sustentava a economia primário-exportadora (sobretudo o café, mas também a cana-de-açúcar, o ouro e o algodão) e, nas cidades, respondia pela maior parte dos serviços (eram artesãos, reparadores, além de executarem serviços pessoais). Havia ainda os chamados negros de ganho, escravos que ofereciam seus serviços nas ruas, cujo trabalho representava uma renda adicional para muitas famílias da classe média urbana (serviços diversos, incluindo-se aí também a prostituição e a mendicância). (THEODORO, 2008, p. 42).
No âmbito dessa discussão, é que se percebe a necessidade de enfatizar a contradição existente no processo de formação da nossa sociedade brasileira, haja vista que, a mulher não possuía espaço na mesma, mas tinha todos os motivos para brigar por seus direitos, além disso, leva-se em consideração a discussão sobre a mulher negra na sociedade brasileira escravista, o que é mais complexo ainda.
A mulher negra, por ser mulher não tinha os mesmos direitos que os homens, esses evidentemente homens brancos, mas também não possuíam os mesmos direitos que as mulheres brancas, e por ser negra, conforme o discurso das classes dominantes pertencia a uma classe que não merecia tanto destaque na sociedade.
Mas, verifica-se na história do Brasil, que a mulher negra escrava, quando não trabalhava nos serviços braçais junto com os homens, sempre ocupava serviços domésticos, também braçais, na casa dos seus patrões, os senhores dos canaviais e, dos cafezais espalhados pelas terras brasileiras. Além disso, ainda amamentavam os filhos dos seus senhores, quando, as mães dos mesmos, não tinham condições de realizar tal tarefa, eram as chamadas amas de leite. Percebe-se, dessa forma, que a mulher negra desempenhava um papel importantíssimo na história desse país, mas, mesmo assim não era reconhecida por seus serviços, pois não pertencia a uma classe dirigente e dominante do Brasil.
Muitas mulheres conquistaram a “liberdade” após anos e anos de submissão. Mas, atualmente, a mulher negra ainda sofre uma série de preconceitos na sociedade brasileira. Agora, as mesmas estão livres dos trabalhos nas casas dos senhores do café e, da cana-de-açúcar, mas, muitas delas se encontram atreladas aos serviços informais nas casas dos grandes empresários. Porém, vale enfatizar que, a mulher ocupa hoje, cargos nos empregos que só os homens angariavam, no entanto, na maioria das vezes, o seu salário é incompatível com o cargo ocupado.
Entende-se dessa forma, que as mulheres, principalmente as negras e pobres, são as que mais sofrem com todo esse processo excludente de formação da nossa sociedade brasileira, ao passo em que, a oportunidade de ascender socialmente, e se afastar do subemprego está intimamente ligado, ao processo de formação dessa sociedade que hoje exclui grande parte da população do seu processo de desenvolvimento.
Ou seja, quem teve maiores oportunidades no processo de formação da sociedade brasileira, terá maiores chances de galgar cargos e empregos melhores. Nesse sentido, se grande parte das mulheres negras pobres deste país, não estão numa posição social equivalente a uma minoria branca dominante, é porque essa minoria branca sempre esteve respaldada por outra minoria branca que historicamente se perpetuou como classe dominante do Brasil.
Mesmo com todos os direitos, que historicamente foram conquistados pelas mulheres, como o direito moral de sair nas ruas e protestar, o direito de exercer a sua cidadania por meio do voto, o direito de concorrer a cargos políticos, etc., a mesma ainda é vista como um ser frágil a ser conquistado e, um fetiche para uma sociedade machista. Além disso, a imagem da mulher é utilizada como instrumento para o comércio, onde, principalmente, a mulher negra “famosa”, é usada como símbolo para campanhas de cosméticos. O que consiste, num verdadeiro processo de desvalorização da mulher, em detrimento, de uma incitação ao consumo de bens e produtos materiais da sociedade capitalista.
O gênero feminino pode ser considerado como um dos exemplos de superação para algumas categorias de classe que lutam por seus direitos nessa sociedade excludente. Por isso, se a mulher estiver representando uma categoria de classe, e se essa categoria for negra, pode-se dizer que essas mulheres são exemplos de superação e luta, sobre tudo, porque a sociedade capitalista exclui as pessoas de tal forma do seu processo de desenvolvimento, que obrigam as mesmas a lutarem pela conquista dos seus direitos, e esse foi o papel da mulher negra na sociedade brasileira, lutar por seu lugar, lutar pela sua classe, mostrar para a sociedade machista e excludente, que as mulheres são tão capazes de participar das decisões de interesse coletivo, quantos os homens.
De acordo com Munanga (2006), enquanto sujeito social importante na construção da história do nosso país, as mulheres negras vêm construindo uma trajetória de luta, perseverança e sabedoria. E, as vozes das nossas antepassadas negras, com suas dores e lutas ainda ecoam e servem de exemplo para a construção de uma sociedade digna.
Todos possuem uma história, pois o presente estabelece um movimento dialético com um passado que faz parte das relações sociais. Por isso, se entende que, é através das lembranças, da trajetória individual, e principalmente, das constantes relações com o ambiente, como também por meio das diferentes relações estabelecidas com outros homens que se constrói a história, uma história tecida por mãos negras.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Saúde Pública numa visão contemporânea

Achei uma publicação do meu Professor da Fiocruz, Paulo Buzz que mostra bem a situação de saúde no âmbito nacional:

"Saúde é um direito humano fundamental, reconhecido por todos os foros mundiais e em todas as sociedades. Como tal, saúde se encontra em pé de igualdade com outros direitos garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: liberdade, alimentação, educação, segurança, nacionalidade etc.

A saúde é amplamente reconhecida como o maior e o melhor recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como uma das mais importantes dimensões da qualidade de vida.
Saúde e qualidade de vida são dois temas estreitamente relacionados, fato que podemos reconhecer no nosso cotidiano e com o qual pesquisadores e cientistas concordam inteiramente. Isto é, a saúde contribui para melhorar a qualidade de vida e esta é fundamental para que um indivíduo ou comunidade tenha saúde.
A Carta de Ottawa - um dos documentos mais importantes que se produziram no cenário mundial sobre o tema da saúde e qualidade de vida - afirma que são recursos indispensáveis para se ter saúde:
  • paz
  • renda
  • habitação
  • educação
  • alimentação adequada
  • ambiente saudável
  • recursos sustentáveis
  • equidade
  • justiça social
Isto implica no entendimento de que a saúde não é nem uma conquista, nem uma responsabilidade exclusiva do setor saúde. Ela é o resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, coletivos e individuais, que se combinam, de forma particular, em cada sociedade e em conjunturas específicas, daí resultando sociedades mais ou menos saudáveis.
Na maior parte do tempo de suas vidas, a maioria das pessoas é saudável. Isto significa que, na maior parte do tempo, a maioria das pessoas não necessita de hospitais, CTI ou complexos procedimentos médicos, diagnósticos ou terapêuticos.
Mas durante toda a vida, todas as pessoas necessitam água e ar puros, ambiente saudável, alimentação adequada, situações social, econômica e cultural favoráveis, prevenção de problemas específicos de saúde, assim como educação e informação.
Isto quer dizer que fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem tanto favorecer, como prejudicar a saúde.
Para se melhorar realmente as condições de saúde de uma população - um objetivo social relevante em todas as sociedades -, são necessárias mudanças profundas dos padrões econômicos no interior destas sociedades e intensificação de políticas sociais, que são eminentemente políticas públicas. Ou seja, para que uma sociedade conquiste saúde para todos os seus membros, são necessárias uma verdadeira ação inter-setorial e as chamadas políticas públicas saudáveis, isto é, políticas comprometidas com a qualidade de vida e a saúde da população.
Além destes elementos chamados estruturais, que dependem apenas parcialmente da decisão e ação dos indivíduos, a saúde também é decorrência dos chamados fatores comportamentais. Isto é, as pessoas desenvolvem padrões alimentares, de comportamento sexual, de atividade física, de maior ou menor estresse na vida quotidiana e no trabalho, uso de drogas lícitas (como cigarro e bebidas) e ilícitas, entre outros, que também têm grande influência sobre a saúde.
Se cada pessoa se preocupar em desenvolver um padrão comportamental favorável à sua saúde e lutar para que as condições sociais e econômicas sejam favoráveis à qualidade de vida e à saúde de todos, certamente estará dando uma poderosa contribuição para que tenhamos uma população mais saudável, com vida mais longa e prazerosa.
Paulo M. Buss
Professor de Saúde Pública
Presidente da Fiocruz


Engraçado que relendo este texto revejo meu curso, e minha caminhada profissional desde 1978, pouco mudou nestes anos todos, postei e gostaria de opiniões, é tão difícil ter uma visão ampliada sobre a saúde e sociedade?


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rua Teresa


Bom dia!
Temos acompanhado de perto, o drama que a Rua Teresa tem vivido... Antes do final do ano, já a tão falada revitalização da Rua Teresa (necessária) foi apresentada aos representantes legítimos do conglomerado do polo de moda e sua representação da Rua, a ARTE; após a apresentação do projeto, ficou claro que era impossível a aprovação deste projeto, diga-se de passagem, sem nehuma pesquisa do dia a dia da Rua Teresa,  sem nenhum conhecimento da funcionalidade dos logistas e seus clientes, diminuindo vagas na rua, sem banheiros públicos, sem nenhum apoio ao consumidor que viaja para vir á Petrópolis e precisa de um certo conforto. Além disso, a obra levaria 1à 2 anos para ser concluída. Para os logistas que pagam seus aluguéis à custa de muito trabalho, teriam que dar "nó em pingo dágua para sobreviverem á balbúdia que seria a escassez do seu comprador. Para exemplificar, o desastre na serra há 1 ano atrás, refletiu imediatamente nas vendas, pois conforme anúnciado, a cidade estaria toda em perigo (mentira). Tudo aconteceu fora do centro histórico, em bairros distantes da cidade! A cidade esvasiou, uma cidade que precisa do turista, do frequentador da Rua Teresa e etc. Como polo de moda conhecido no Brasil inteiro, foram 3 meses de muito desespero. E agora já com a verba encaminhada para a cidade, queriam iniciar esta obra rapidamente. A ARTE, cumprindo seu papel democrático, fez uma reunião com as mais de 1200 lojas e seus proprietários, para ouvir a opinião de todos. A resposta foi Não! Esclarendo, não á este projeto, e sim á uma obra de revitalização, consciente, que não deixem talvez mais de 800 mulheres sem emprego (durate as obras), que se abra espaço para o diálogo consciente, quem está ali vivenciando o dia a dia, sabe quais são as dificuldades, ouvir o público. E agora a Prefeitura quer fazer por imposição. O que desperta muitas dúvidas. Porque este exato projeto que não agrada os lojistas? Não há um consenso de diálogo? Voltamos á ditadura? Impedem até a veiculação dos meios de comunicação... Porque estão fazendo isso com a nossa cidade, é a Rua Teresa que movimenta e faz circular todo investimento na cidade. Paremos para pensar qual o real interese nesta obra à jato? Porque passar por cima da Arte, uma real e fundamentada associação? O que de fato está por trás desta estória? Já várias vezes clamei por uma creche, só para a Rua Teresa, mas nem isso aconteceu... E agora querem empurrar goela abaixo esta obra que não atende as reais necessidades da Rua.
Muda Petrópolis!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

As chuvas do verão e as tragédias anunciadas!


Ontem fez 1 ano da tragédia do Vale do Cuiabá em Petrópolis.
Queria ler todas as referências das explicações das administrações municipais, antes de tecer aqui nossa opinião.
Recentemente o Dep. Luis Paulo deu uma entrevista extremamente importante na TV local, dando todos os caminhos "não percorridos", pela administração municipal, que ocasionou o descaso com inúmeras famílias, desalojadas de suas casas, história de vida e pior, sem parte de seus parentes. Minha sensação é que só se coloca a tranca depois da casa arrombada! Todos nós conhecemos a formação dos terrenos em Petrópolis, começa com uma casa, e vai se alastrando indiscriminadamente por toda a região. Sabemos também que as mudanças climáticas ao longo destes anos vem interferindo nas chuvas e nos terrenos e encostas devastadas.
É preciso, sim cuidar do meio-ambiente com muita cautela e educação. É um problema de todos nós, ações de preservação, estudo do solo, encostas, e constante averiguação de se aquele local oferece perigo, para uma construção ou não. É fácil registrar o terreno e pagar o IPTU, mas a segurança fica esquecida.
A secretaria de Meio-Ambiente, deveria trabalhar em conjunto com a Saúde, Educação, Obras, e principalmente como uma formação de agentes comunitários treinados, para levar ás comunidades em área de risco, informações sobre onde construir. É inevitável falar do plano "Minha casa,minha vida", que pelo menos por enquanto aqui não existe. E fical ao "Deus dará" muitas pessoas devastadas emocionalmente, profissionalmente e desesperançosas. Não vou criticar este ou aquela administrador público, esta é apenas uma reflexão para que repensemos a organização das Prefeituras.
Saúde, é ter moradia segura e digna, é uma composição de um perfeito equilíbrio entre o corpo mental, o social e o físico. E não simplesmente ausência de doença.
Para ilustrar melhor, mais um caso de minha família. Meu avô foi prefeito de Friburgo em 1924, o rio Bengala, transbordou com muita chuva, a casa que pertencia ao meu avô era em frente ao Clube Xadrez, (quem conhece Friburgo, identifica) pois bem, na época, meu pai ainda jovem, se atirou nas águas para salvar pessoas que estavam sendo arrastadas pelas águas, ele como filho do Prefeito, se sentiu na obrigação de ajudar, mas a recompensa que teve foi Tifo, que levou algum tempo para curar e não morrer. Porque somos vítimas da doença e da medicina. Naquela época haviam poucos recursos para cura. Então se houve este transbordamento do rio em 1924, ainda, não fizeram nada para mudar isso?
Estes saõ os nossos questionamentos para que pensem à respeito.

Tenham um bom dia!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Educação em casa


A importância da família na vida da criança

O primeiro grupo de pessoas com quem a criança, ao nascer, tem contato é a família. É interessante que logo a criança já demonstra suas preferências, seus gostos e suas diferenças individuais. Também a família tem seus hábitos, suas regras, enfim, seu modo de viver. É desse modo que a criança começará a aprender a agir, a se comportar, a demonstrar seus interesses e tentará se comunicar com esta família.

Está aí, neste círculo de pessoas que rodeiam a criança, a fonte original da identidade da criança.

Desde cedo, os pais precisam transmitir à criança os seus valores, como, ética, cidadania, solidariedade, respeito ao próximo, auto-estima, respeito ao meio ambiente, enfim, pensamentos que leve essa criança a ser um adulto flexível, que saiba resolver problemas, que esteja aberto ao diálogo, às mudanças, às novas tecnologias.

A criança já aprende desde pequena o que a mãe não gosta, o que é perigoso, o que pode e o que não pode fazer. Percebe-se, então, a importância da orientação dos pais.

À família cabe entender que a criança precisa de liberdade, mas por si só não tem condições de avaliar o que é melhor ou pior para ela mesma. A família é o suporte que toda criança precisa e, infelizmente, nem todas têm. É o sustentáculo que vai ajudar a criança a desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; não podemos transferir para a escola todo o aprendizado e comportamento social que a criança deve ter em casa na convivência com a família. A criança é o reflexo da família em seu comportamento escolar. Tenho visto nos últimos anos, a ausência da família, para a criança, ou porque a mãe trabalha fora, não tem tempo, ou o pai é ausente ou seria mais fácil transferir valores familiares para a educação infantil. O diálogo é sempre importante e as escolas tem que aglutinar a família à escola. A escola não é um reduto à parte onde só os professores dominam. É preciso haver um trabalho em conjunto Escola e Comunidade. No que confere às Secretarias de Educação, este hábito deve ser cultivado entre seus diretores , professores e a comunidade.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Saúde da Mulher


A saúde da mulher sempre foi um ponto de muita discussão, como trabalhei em vários programas de saúde materno-infantil, aleitamento materno, cuidados com a gravidez, parto e puerpério, sempre foi um tema que me preocupou, enquanto educadora em saúde.

"A humanização da atenção em saúde é um processo contínuo e de­manda reflexão permanente sobre os atos, condutas e comportamentos de cada pessoa envolvida na relação. É preciso maior conhecimento de si, para melhor compreender o outro com suas especificidades e para poder ajudar sem procurar impor valores, opiniões ou decisões.

A humanização e a qualidade da atenção são indissociáveis. A qua­lidade da atenção exige mais do que a resolução de problemas ou a disponibilidade de recursos tecnológicos. E humanização é muito mais do que tratar bem, com delicadeza ou de forma amigável.

Para atingir os princípios de humanização e da qualidade da aten­ção deve-se levar em conta, pelo menos, os seguintes elementos:

– acesso da população às ações e aos serviços de saúde nos três níveis de assistência;

– definição da estrutura e organização da rede assistencial, incluindo a formalização dos sistemas de referência e contra-re­ferência que possibilitem a continuidade das ações, a melhoria do grau de resolutividade dos problemas e o acompanhamento da clientela pelos profissionais de saúde da rede integrada;

– captação precoce e busca ativa das usuárias;

– disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado, de acordo com os critérios de evidência científica e segurança da usuária;

– capacitação técnica dos profissionais de saúde e funcionários dos serviços envolvidos nas ações de saúde para uso da tecno­logia adequada, acolhimento humanizado e práticas educati­vas voltadas à usuária e à comunidade;

– disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educa­tivos;

– acolhimento amigável em todos os níveis da assistência, bus­cando-se a orientação da clientela sobre os problemas apresen­tados e possíveis soluções, assegurando-lhe a participação nos processos de decisão em todos os momentos do atendimento e tratamentos necessários;– disponibilidade de informações e orientação da clientela, familiares e da comunidade sobre a promoção da saúde, assim como os meios de prevenção e tratamento dos agravos a ela associados;

– estabelecimento de mecanismos de avaliação continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais de saúde, com participação da clientela;

– estabelecimento de mecanismos de acompanhamento, contro­le e avaliação continuada das ações e serviços de saúde, com participação da usuária;

– análise de indicadores que permitam aos gestores monitorar o andamento das ações, o impacto sobre os problemas tratados e a redefinição de estratégias ou ações que se fizerem necessárias."

Somos à favor de um projeto existente como o Hospital da Mulher, que atende a mulher desde seu nascimento, até sua maturidade , como menopausa, osteoporose e etc.

Com ações de orientação e educação em saúde trabalhar a prevenção é o foco mais consistente da saúde pública, é muito mais barato prevenir a doença, do que passar pelo processo de internação e altos custos de um hospital. É bom prá administração pública, que não ficaria com o ônus do custo dos atendimentos.

A educação e prevenção pode ser feita nos postos de saúde da família, nos centros de saúde, nas comunidades.


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A Mulher e o Mercado de Trabalho



A evolução da mulher no mercado de trabalho.

As convenções do início do século ditavam que o marido era o provedor do lar. A mulher não precisava e não deveria ganhar dinheiro. As que ficavam viúvas, ou eram de uma elite empobrecida, e precisavam se virar para se sustentar e aos filhos, faziam doces por encomendas, arranjo de flores, bordados e crivos, davam aulas de piano etc. Mas além de pouco valorizadas, essas atividades eram mal vistas pela sociedade. Mesmo assim algumas conseguiram transpor as barreiras do papel de ser apenas esposa, mãe e dona do lar, ficou, para atrás a partir da década de 70 quando as mulheres foram conquistando um espaço maior no mercado de trabalho.

O mundo anda apostando em valores femininos, como a capacidade de trabalho em equipe contra o antigo individualismo, a persuasão em oposição ao autoritarismo, a cooperação no lugar da competição.

As mulheres ocupam postos nos tribunais superiores, nos ministérios, no topo de grandes empresas, em organizações de pesquisa de tecnologia de ponta. Pilotam jatos, comandam tropas, perfuram poços de petróleo.

Não há um único gueto masculino que ainda não tenha sido invadido pelas mulheres. Não há dúvidas de que nos últimos anos a mulher está cada vez mais presente no mercado de trabalho. Este fenômeno mundial tem ocorrido tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, e o Brasil não é exceção.

É importante, no entanto, ressaltarmos que a inserção da mulher no mundo do trabalho vem sendo acompanhada, ao longo desses anos, por elevado grau de discriminação, não só no que tange à qualidade das ocupações que têm sido criadas tanto no setor formal como no informal do mercado de trabalho, mas principalmente no que se refere à desigualdade salarial entre homens e mulheres.

Um pouco da história, a participação: Isso começou de fato com as I e II Guerras Mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945, respectivamente), quando os homens iam para as frentes de batalha e as mulheres passavam a assumir os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho.

Mas a guerra acabou. E com ela a vida de muitos homens que lutaram pelo país. Alguns dos que sobreviveram ao conflito foram mutilados e impossibilitados de voltar ao trabalho. Foi nesse momento que as mulheres sentiram-se na obrigação de deixar a casa e os filhos para levar adiante os projetos e o trabalho que eram realizados pelos seus maridos.

No século XIX, com a consolidação do sistema capitalista inúmera mudanças ocorreram na produção e na organização do trabalho feminino. Com o desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento da maquinaria, boa parte da mão-de-obra feminina foi transferida para as fábricas.

Desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido na Constituição de 32 que “sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois; é proibido despedir mulher grávida pelo simples fato da gravidez”.

Mesmo com essa conquista, algumas formas de exploração perduraram durante muito tempo. Jornadas entre 14 e 18 horas e diferenças salariais acentuadas eram comuns. A justificativa desse ato estava centrada no fato de o homem trabalhar e sustentar a mulher. Desse

modo, não havia necessidade de a mulher ganhar um salário equivalente ou superior ao do homem.

Achei este texto muito interessante, pois fala históricamente da mulher na evolução da sociedade.

Como eu não poderia de deixar de dar uma pincelada na minha própria história, eu tinha um tio, advogado, brilhante inclusive, que se casou com uma menina que foi sua aluna, num colégio de freira onde ele era professor, recém saída da escola de formação de "esposa", casada e querendo trabalhar, a cunhada arranjou um emprego para ela nos "Correios e Telégrafos", eis que meu tio invadiu a sala onde ela trabalhava de Código Civil na mão, provando que ela era "esposa" e tinha suas obrigações em casa, não poderia trabalhar fora do recinto do lar (?). Imaginem esta situação! Típica se uma sociedade patriarcal!


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

As Mulheres...


Somos 52% de mulheres no nosso município, de acordo com o último censo do IBGE. Está na hora de sermos mais participativas no meio político, termos voz, porque afinal sofremos todas as angústias de uma administração mal feita, ou relapsa. Para isso precisamos conhecer o que é políticas públicas, afinal mandamos nossos filhos para a escola, e não sabemos se o ensino é satisfatório ou não. Nossa preocupação; ele poderá ser um profissional auto suficiente? Como acompanhar o mundo moderno que com tanta rapidez muda a cada dia? Já ouvi muita gente dizer, "detesto política", e eu pergunto será que não há uma preocupação, com o lixo que não é recolhido na porta da sua casa? Com o transporte público de má qualidade? Com o preço do IPTU que chega todo ano na sua casa? Com o atendimento básico de saúde que o município oferece? Com a criança que está febril e não tem pediatra para atender? Este mundo pertence à todas nós. É fácil nos omitirmos e simplesmente reclamarmos, mas o que efetivamente eu posso fazer para mudar? Como eu faço parte do desejo de mudanças, como eu posso dizer "basta"?
A mulher criada para ser mãe e dona de casa, tem papel importante no caminho histórico do país, Em 1940 era necessário a mulher enfermeira na 2ª Guerra Mundial, daí até seu término a sociedade começou a "aceitar" a mulher no mercado de trabalho (em algumas profissões). Não era comum a mulher profissional. A sociedade não sabia lidar com estes avanços pós guerra.
Ficamos com o acumulo de funções, esposa, dona de casa, mãe, educadora etc.
Ainda vejo estes múltiplos papéis nas minhas amigas e confesso que eu particularmente, vim de uma mãe guerreira e lutadora que soube se impor , uma aluna do curso de direito onde a maioria eram homens. E se fez respeitar como profissional durante seus 90 anos até falecer.
Portanto mulheres acordai...