terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Falta de educação política e discriminação dificultam participação feminina

Fazendo uma análise sobre o voto feminino e a importância da mulher no dias atuais, faço aqui um translado sobre a importância da mulher nas escolhas políticas do nosso país. É preciso maior atenção aos problemas administrativos de nosso país antes apenas masculino. A mulher na política soma inúmeras facetas sociais de suma importância para um caminho de conscientização da participação feminina. Mulher que “pensa” é perigosa, já dizia meu bisavô, patriarca de uma fila de filhas e poucos filhos homens. Éramos passadas do pai para o marido, sem o direito de opinar em nada, nem a escolha do marido. E invariálvelmente aceitávamos obedientes as decisões do nosso marido e senhor, estes sim detentores da sabedoria, do conhecimento e do progresso do nosso país.

A conquista do voto feminino há exatos 80 anos foi um passo importante para o futuro político do Brasil. No entanto, embora tenha alcançado esse direito, a população feminina ainda tem baixa representatividade política. De acordo com a professora do Departamento de História da Universidade de Brasília, Tânia Swan, as mulheres sofrem entraves ligados à falta de educação política e à discriminação.
No Brasil o direito foi alcançado em 1932, sendo restrito às mulheres casadas (com autorização do marido), às viúvas e às solteiras com renda própria. Em 1934, veio o direito sem restrições e, em 1946, o voto feminino obrigatório. O direito ao voto feminino começou pelo Rio Grande do Norte, em 1927. O estado foi o primeiro a permitir que as mulheres votassem durante as eleições.
A conquista do voto pelas mulheres representou um avanço considerável em áreas como a educação, o mercado de trabalho, conferindo a ela mais autonomia. “No imaginário social, o papel das mulheres expandiu-se fora do âmbito privado e suas opiniões passaram a ter um peso apreciável nas eleições e questões políticas.”
Mas, atualmente, apesar de o Brasil ter mulheres em altos cargos da administração pública, como a presidenta da República, Dilma Rousseff, e dez ministras que integram o governo, a bancada feminina na Câmara dos Deputados representa apenas 8,77% do total da Casa, com 45 deputadas. No Senado, das 81 vagas apenas 12 são ocupadas por mulheres.
É preciso uma mudança de comportamento social em relação à mulher para reverter o quadro da baixa representatividade no campo político. “Enquanto a representação social do feminino não se modificar para além do doméstico e do materno, não haverá uma divisão de tarefas igualitária, tanto no político quanto no social.”
Para a cientista política Maria do Socorro Souza Braga, o fato de as mulheres formarem o maior eleitorado não significa que elas decidam o futuro político do país. No entanto, o grupo feminino tem hoje uma capacidade maior de influenciar os resultados eleitorais. “Desde a década de 1990, com a questão do cotas eleitorais para mulheres, os partidos têm se preocupado muito mais com isso.”
As diversas tarefas exercidas pela mulher moderna podem ser um dos principais problemas para a baixa representação feminina em cargos políticos, segundo a cientista, que também é professora da Universidade Federal de São Carlos. Ela destaca que as mulheres com participação política também têm vida familiar, cuidam de casa e têm profissão. "É uma carga muito grande. Elas estão abrindo mão de várias outras coisas para isso. Só de assumir um cargo público e conciliar [as atividades] é algo difícil", disse.



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sociologia política, comunicação e cultura

Abro aqui um especial parênteses nas ações em comunidades, como um estudo real que todos os candidatos devem observar, em seu trabalho de campanha eleitoral.
É fundamental o estudo preliminar da comunidade, elas tem aspectos únicos e relevantes. Não podemos entrar numa comunidade, como se todas fossem iguais. Cada uma delas tem aspectos culturais particulares e únicas.
No meu caminhar com o trabalho específico de Educação em Saúde, foram várias as situações, em que deparei com aspectos interessantes destas particularidades.
Como eu era responsável pela área de treinamento e acompanhamento de alunos da UFF (Universidade Federal Fluminense) parceria esta que tínhamos com a Prefeitura de Niterói, houve um fato que demonstra com clareza, a comunicação com a comunidade. O objetivo era uma visita domiciliar (VD) nas casas de crianças que frequentavam o posto de saúde, e já tinham uma ficha de acompanhamento (anamnese) que mostravam baixo peso em sua evolução entre 0-3 anos. Os alunos partiram para esta pesquisa nas casas, na volta conversando comigo (eram umas 5 nutricionistas), acharam estranho uma determinada casa, onde a mãe respondeu as perguntas da pesquisa. Por exemplo: a criança come verduras? Come legumes? Come carne ou peixe? (era uma comunidade onde a maioria eram pescadores de descendência portuguesa) E a resposta era sempre sim, come! Estranhando este fato, pois a criança continuava com baixo peso.  Retornamos à casa daquela criança, só que desta vez eu acompanhei. Me mostrei surpresa com suas respostas disse à mãe da criança, porque apesar das respostas de que sim ela se alimentava com tudo, não podia apresentar baixo peso. E a resposta foi, “ela come quando tem”.
Este exemplo que eu vivi, serviu para mostrar o quanto nos enganamos com perguntas mal formuladas em pesquisas, o quanto somos desatentos ao conversar com a simplicidade das pessoas. Antes de qualquer campanha temos que ouvir mais, estar mais próximos e não prometermos coisas que às vezes não é de interesse daquele bairro, ou comunidade.
É muito importante pesquisarmos antes o que realmente é aquele ser social, como agem, como vivem e como pensam. A importância do agente de saúde nos dá a visão do acompanhamento da evolução social daquela comunidade.
Outro fato importante, onde a cultura fala mais alto eu vi por acaso na televisão, sobre uma comunidade africana: sociedade que permitia casamento com várias mulheres e todas moravam na mesma casacom seu marido. As mulheres andavam 2 km todos os dias para ir ao rio, lavar roupa, e seus utensílios domésticos, também tomar banho. Um governate local achou aquilo um absurdo e mandou construir um poço perto da aldeia para que este trabalho não fosse tão cansativo para achar água. Não deu certo, as mulheres não aceitaram; neste caminho de 2 km, todos os dias elas conversavem suas diferenças, falavam do marido, espunham suas diversidades umas com as outras e resolviam seus ciúmes, pois afinal elas tinham o mesmo marido. O poço, ficou abandonado, não deu certo. Nos enganamos achando que sabemos o que a população quer, podemos dar o “norte”, mas a força cultural e social, não pode ser esquecida. Que este alerta ajude os nossos candidatos a fazerem uma campanha para o povo respeitando as individualidades de cada grupo social. O dia que conseguirmos fazer isso de forma real e inteligente, estaremos dando um passo para a consciência social e cultural do nosso país.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Educação como meta política, reflexões:
Nos anos 1920, com a crescente industrialização e a urbanização em todo o mundo, a necessidade de preparar o país para o desenvolvimento levou um grupo de intelectuais brasileiros a se interessar pela educação – vista como elemento central para remodelar o país. Os novos teóricos viam num sistema estatal de ensino livre e aberto o único meio efetivo de combate às desigualdades sociais. Esse movimento chamado de Escola Nova ganhou força nos anos 1930, principalmente após a divulgação, em 1932, do Manifesto da Escola Nova. O documento pregava a universalização da escola pública, laica e gratuita. Entre os nomes de vanguarda que o assinaram estavam, além de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo (1894-1974), que aplicou a sociologia à educação e reformou o ensino em São Paulo nos anos 1930, o professor Lourenço Filho (1897-1970) e a poetisa Cecília Meireles (1901-1964). A atuação desses pioneiros se estendeu por décadas, muitas vezes criticada pelos defensores da escola particular e religiosa. Mas eles ampliaram sua atuação e influenciaram uma nova geração de educadores como Darcy Ribeiro (1922-1997) e Florestan Fernandes (1920-1995). Anísio foi mentor de duas universidades: a do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, desmembrada pela ditadura de Getúlio Vargas, e a de Brasília, da qual era reitor quando do golpe militar de 1964.
Dewey considerava a educação uma constante reconstrução da experiência. Foi esse pragmatismo, observa a professora Maria Cristina Leal, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que impulsionou Anísio a se projetar para além do papel de gestor das reformas educacionais e atuar também como filósofo da educação. A marca do pensador Anísio era uma atitude de inquietação permanente diante dos fatos, considerando a verdade não como algo definitivo, mas que se busca continuamente. Para o pragmatismo, o mundo em transformação requer um novo tipo de homem consciente e bem preparado para resolver seus próprios problemas acompanhando a tríplice revolução da vida atual: intelectual, pelo incremento das ciências; industrial, pela tecnologia; e social, pela democracia. Essa concepção exige, segundo Anísio, “uma educação em mudança permanente, em permanente reconstrução”.
Para o pensador, não se aprendem apenas idéias ou fatos mas também atitudes, ideais e senso crítico – desde que a escola disponha de condições para exercitá-los. Assim, uma criança só pode praticar a bondade em uma escola onde haja condições reais para desenvolver o sentimento. A nova psicologia da aprendizagem obriga a escola a se transformar num local onde se vive e não em um centro preparatório para a vida. Como não aprendemos tudo o que praticamos, e sim aquilo que nos dá satisfação, o interesse do aluno deve orientar o que ele vai aprender. Portanto, é preciso que ele escolha suas atividades.
E para que esta atitude se construa, num mundo altamente moderno, tecnológico, e rápido, é preciso o constante repensar a educação na sua base, com professores atuantes e atualizados em sua formação, e não simplesmente um repetidor de matérias, mas sim motivando e levando os alunos a pensarem seu meio ambiente, seu papel na sociedade e o que podem atuar na vida social e familiar da sua comunidade.
Só se constrói um país socialmente mais justo e atuante, com uma educação de base de qualidade.