sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sociologia política, comunicação e cultura

Abro aqui um especial parênteses nas ações em comunidades, como um estudo real que todos os candidatos devem observar, em seu trabalho de campanha eleitoral.
É fundamental o estudo preliminar da comunidade, elas tem aspectos únicos e relevantes. Não podemos entrar numa comunidade, como se todas fossem iguais. Cada uma delas tem aspectos culturais particulares e únicas.
No meu caminhar com o trabalho específico de Educação em Saúde, foram várias as situações, em que deparei com aspectos interessantes destas particularidades.
Como eu era responsável pela área de treinamento e acompanhamento de alunos da UFF (Universidade Federal Fluminense) parceria esta que tínhamos com a Prefeitura de Niterói, houve um fato que demonstra com clareza, a comunicação com a comunidade. O objetivo era uma visita domiciliar (VD) nas casas de crianças que frequentavam o posto de saúde, e já tinham uma ficha de acompanhamento (anamnese) que mostravam baixo peso em sua evolução entre 0-3 anos. Os alunos partiram para esta pesquisa nas casas, na volta conversando comigo (eram umas 5 nutricionistas), acharam estranho uma determinada casa, onde a mãe respondeu as perguntas da pesquisa. Por exemplo: a criança come verduras? Come legumes? Come carne ou peixe? (era uma comunidade onde a maioria eram pescadores de descendência portuguesa) E a resposta era sempre sim, come! Estranhando este fato, pois a criança continuava com baixo peso.  Retornamos à casa daquela criança, só que desta vez eu acompanhei. Me mostrei surpresa com suas respostas disse à mãe da criança, porque apesar das respostas de que sim ela se alimentava com tudo, não podia apresentar baixo peso. E a resposta foi, “ela come quando tem”.
Este exemplo que eu vivi, serviu para mostrar o quanto nos enganamos com perguntas mal formuladas em pesquisas, o quanto somos desatentos ao conversar com a simplicidade das pessoas. Antes de qualquer campanha temos que ouvir mais, estar mais próximos e não prometermos coisas que às vezes não é de interesse daquele bairro, ou comunidade.
É muito importante pesquisarmos antes o que realmente é aquele ser social, como agem, como vivem e como pensam. A importância do agente de saúde nos dá a visão do acompanhamento da evolução social daquela comunidade.
Outro fato importante, onde a cultura fala mais alto eu vi por acaso na televisão, sobre uma comunidade africana: sociedade que permitia casamento com várias mulheres e todas moravam na mesma casacom seu marido. As mulheres andavam 2 km todos os dias para ir ao rio, lavar roupa, e seus utensílios domésticos, também tomar banho. Um governate local achou aquilo um absurdo e mandou construir um poço perto da aldeia para que este trabalho não fosse tão cansativo para achar água. Não deu certo, as mulheres não aceitaram; neste caminho de 2 km, todos os dias elas conversavem suas diferenças, falavam do marido, espunham suas diversidades umas com as outras e resolviam seus ciúmes, pois afinal elas tinham o mesmo marido. O poço, ficou abandonado, não deu certo. Nos enganamos achando que sabemos o que a população quer, podemos dar o “norte”, mas a força cultural e social, não pode ser esquecida. Que este alerta ajude os nossos candidatos a fazerem uma campanha para o povo respeitando as individualidades de cada grupo social. O dia que conseguirmos fazer isso de forma real e inteligente, estaremos dando um passo para a consciência social e cultural do nosso país.

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